quinta-feira, 3 de junho de 2010

As Infinitas Possibilidades de TER Você


"Ela não precisava ser salva. Mas, se ele tentasse, ela ia gostar."
(Briza Mulatinho)



Enquanto ela se distraía olhando o movimento das pessoas em sua volta, um garoto de cabelos lisos, postura formal aproximou-se. Ela só o via parcialmente, pois ele mantinha o olhar fixo em uma parede, pensativo.
Quando ele ergue a cabeça e viu as horas, ela o reconheceu. E mais uma vez notou o quanto ele era bonito. Olhos vagos e íntimos, nariz arrebitado, lábios pequenos porém convidativos, uma postura superiormente interessante ... no fim de tudo, um ar de alma antiga, porém descobrindo o mundo.
Embora ela não conseguisse se aproximar de seu "velho conhecido", sentia suas bochechas arderem só ao olhar seu objeto de desejo. No fundo tinha medo de se envolver o bastante para se iludir ... mas queria fazer planos com alguém, andar de mãos dadas nos fins de tarde, receber ligações no meio da noite, vestir-se para alguém, etc.
Visto isso, ela pôs-se a mover inquietamente. Jogou charme, lançou seus melhores olhares, desfez o coque preso por uma caneta e deixou que as madeixas caíssem sobre suas costas. Ele olhou, arqueou uma sobrancelha e sorriu. Nesse momento, ela soube que estava perdidamente apaixonada.
Mas ele voltou a olhar fixamente para a parede, como se nada mais existisse. Ela sorria (um de seus melhores dons), andava, chegou a cantar. Os amigos da psique balançavam a cabeça com pena. Mas ela não desistia, queria amar. E de tanta inquietação, sem prestar atenção à seus passos tropeçou e quase caiu. Ele, por sua vez, continuava olhando admiravelmente para a parede.
De volta à realidade, ela cansou e se rendeu. Não nasceu para demonstrar interesse, muito menos atrair olhares. Sentou-se em seu banco predileto. Tirou da bolsa sua velha companhia, Jane Austin. Colocou os fones de ouvido e começou a ouvir Michael Bublé. Cantava baixinho, mas as outras pessoas podiam ouvir. Não tinha uma voz digna de CD, mas agradava. Começou a bater os pés no ritmo da música, e balançar o corpo mesmo sentada ...
Percebendo a atitude espontânea dela, ele pôs-se a observar como era linda, e indagar-se como ele nunca retomou uma conversa com ela. O cabelo dela que movia-se roçando sua pele clara como a luz da lua, a sobrancelha levemente arqueada, a forma como ela mordia o lábio inferior enquanto lia. E o livro? Ela lia um clássico. A confortável posição e a saia rodada lhe davam uma inocência encantadora. O silêncio do local junto com a baixa canção cantada por ela, era percebido como um sinal de que ela era tudo o que ele precisava na vida.
Sem pensar, ele voltou-se para ela e seguiu o sinal. Ela estava muito concentrada em como Mr. Darcy e Elisabeth desafiariam a sociedade e ficariam juntos, quando sentiu uma mão no ombro.
Quando virou de cara com o belo rapaz. Ele estava a centímetros dela. Sentou à seu lado, com um olhar doce e curioso. Ela sentiu o calor da respiração dele, e pela primeira vez na vida ela ficou em silêncio. Um silêncio, não constrangedor, mas bom, excitante.
As pessoas que passavam por lá, admiravam a cena. Onde eles se estudavam com os olhos. O ruído do local sumia como se não quisesse atrapalhar o ritual. Ela nem percebera mas o fones permaneciam em seus ouvidos. Ele, tentou tirá-los, foi quando suas mãos se tocaram. A respiração acelerou, borboletas dançavam em seu estômago.

- Será que posso me juntar você?
- Sempre. Respondeu ela, selando o reencontro com um carinhoso beijo.

(...) Nessa noite, eles nem podiam desconfiar. Mas essa noite seria apenas o início de uma vida à dois longa. E aquela música ainda tocaria enquanto eles leriam juntos, e trocariam mais alguma carícia.



Ouvindo Home de Michael Bublé.


- Beijos&Borboletas .